Se Júlio César deve ser considerado um mau líder, é provável que não tenha conseguido prever as implicações políticas e históricas de sua ditadura e a forma vinculativa como se retratou. Essa deficiência conceitual, em última análise, custou-lhe não apenas seu poder, mas também sua vida.
Mesmo antes de César se tornar o único governante de Roma, ele estava acostumado a assumir riscos políticos perigosos. Em 51 a.C., César desafiou a autoridade do senado e a tradição militar de longa data quando cruzou o rio Rubicão para enfrentar seu oponente político Pompeu Magnus. Tal movimento sinalizou uma invasão traiçoeira de seu próprio país. A capacidade de César de inflamar opiniões não terminou aí, como ao cortejar a rainha egípcia Cleópatra, um escândalo que quase arruinou muito apoio recém-encontrado obtido após sua derrota final de Pompeu em Farsala, a batalha que efetivamente encerrou a guerra civil.
Em 45 a.C., César permaneceu praticamente incontestado por qualquer grande ameaça política e usou essa oportunidade para forçar o Senado a declará-lo ditador vitalício, um poder que na verdade não possuía legalmente. Em aparições subsequentes, César passou a usar púrpura, uma cor que os romanos associavam cultural e historicamente aos vilipendiados reis etruscos, os próprios personagens que a alardeada república romana foi originalmente concebida para usurpar. Ao fazer isso, César se considerou um tirano que romanos bem-intencionados deveriam substituir. Portanto, não é surpresa que um dos muitos assassinos de César, seu antigo amigo Marcus Brutus, fosse descendente de uma das famílias mais famosas envolvidas na derrubada do último rei etrusco.